Ontem à noite o projecto Beats Play Free, do qual faço parte com muito gosto e entusiasmo, desde a primeira hora tinha a seu cargo a selecção musical no bar do Picth. O que aconteceu lá para além denão ser uma situação virgem na nossa noite, foi algo desagradável e que me levou a escrever um texto no blog do Beats Play Free e que passo a transcrever também aqui:
"O BPF - Beats Play Free sofreu ontem o seu primeiro revés. Nada que deva ser um obstáculo à continuação do projecto e à construção do conceito.
Numa noite normal de sexta-feira e após um agradável jantar num tasco do Porto acompanhado por umas cervejas e uma bem divertida "cavaqueira", lá nos deslocámos ao Pitch de armas, bagagens e vontade às costas. Uma excelente recepção que em nada fazia prever o que viria mais tarde. Todas as pequenas e insignificantes exigências que fizemos foram prontamente aceites, com excepção da substituição do CDJ esquerdo que durante 20 minutos teimou em cuspir todos os meus CD's até que lá aqueceu e passou a ler o que até aí se tinha recusado. Posto este insignificante acidente lá foi colocando malha através de malha passando progressivamente da sonoridade lounge que corria por selecção de um dos homens da casa para um IDM esay listening durante cerca de 1h30.
Seguiu-se o ps com o seu live ambiental de cerca de 25 minutos e foi aqui que o "responsável" pelo Pitch começou a deixar cair a sua máscara de profissional e dirigir-se à cabine fazendo reparos e exigências que nos deixaram tão estupefactos, quanto aqueles que num círculo mais próximo seguiam atenta e agradavelmente a actuação do nosso consorte. Falámos entre todos (eu, Ogata, ocp e ps) e decidiu-se levar o live até ao final, como não poderia deixar de ser.
Acabado o live do ps, começou o ocp com a sua performance em Ableton Live, num registo dub minimal, bem soft perfeitamente adequado a um espaço com o Bar do Pitch, e o "homenzinho" da casa voltou à carga uma, outra e outra vez, questionei as pessoas que estavam por ali e toda a gente estava a gostar e achar perfeitamente descabida a atitude do referido "homenzinho". Troquei algumas impressões com o ocp, que estava tranquilo e a sentir-se bem a fazer o seu trabalho pelo que lhe disse para continuar, afinal somos o que somos e tocamos o que tocamos e não estávamos ali para enganar ninguém e muito menos para nos enganarmos a nós próprios.
Passavam uns minutos das 2h30 quando o referido "artista" aparece com um "DJ" "debaixo do braço" e nos intima a abandonar a cabine sob o pretexto de que o nosso som não era indicado para aquele espaço. O que se passou seguir, independentemente da qualidade musical, foi um desfile de mais do mesmo na cena clubbing nacional, e o bar do Pitch com a audiência reduzida a cerca de metade, já que quem estava para nos ver e para nos ouvir dirigiu-se ao club.
Bebemos mais uns copos, trocámos impressões com os amigos e conhecidos que foram para nos ver e ouvir e abandonámos o Pitch, não que sem antes me tivesse dirigido à personagem para dizer que: antes tinha a ideia "vendida" por amigos de que o Pitch era uma casa diferentes, com espaço para a diversidade na qualidade e com alguma dose de profissionalismo, agora tenho a certeza que é só mais uma casa da noite, com gente da noite, cujo maior handicap é mesmo o facto de não perceberem nada de música.
Assim vai a noite no Porto. Assim vai a noite em Portugal. O Beats Play Free continuará, sempre que solicitado, a dar música grátis e livre por esse país fora, sabendo que encontrará muitos "profissionais" como este para quem a música se resume a fazer a contabilidade da caixa no fim de cada noite."
2 comentários:
Não tive oportunidade de ontem aparecer pelo Pitch, quando até gostava de ver aquilo que iam por lá fazer. Lido isto, fico apenas triste.
Se, por um lado, todas as casas nocturnas têm de trabalhar com uma margem de lucro, por outro, a "chapa cinco" incomoda-me profundamente e não há oportunidade da diferença poder ter o seu espaço - quando o público até agradece que o "mais do mesmo" não aconteça - por uma noite que seja.
Boa sorte com o projecto, acredito que é o amor à música que irá conseguir minar o actual estado das coisas e criar espaços e condições para eventos como os vossos!
Não te preocupes, Portugal está cheio de pessoas assim. Melhores dias virão. Um abraço.
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