Já aqui falei deste jovem talento de Vila das Aves no âmbito do podcast BrainDance Exclusive - onde nos brindou com um magnífico live act gravado no Domus em Lisboa. Criativo, inquieto, irreverente e com a música a correr-lhe nas veias: Pedro Rompante aceitou responder a algumas perguntas minhas, dando a conhecer um pouco mais de si e da sua música e dos seus projectos.
BrainDance - Pedro, tens apenas 20 anos (e o apenas não pretende ser de forma alguma limitativo) e já tens, tiveste e ambicionas ter uma série de projectos na área da música, e não só a nível de produção. Mas vamos por partes, começando por tentar perceber de onde ‘rompe’ o teu talento. Quando te começaste a interessar por música? E esse interesse foi influenciado por quem?
Pedro Rompante - Bem, é um bocado difícil dizer exactamente onde começou esse interesse sério pela música, porque ela acompanhou-me sempre, desconfio até que dentro da barriga da minha mãe fui obrigado a levar com músicas, pois o meu pai já andava por esse mundo da música - dava alguns concertos na Suiça, onde nasci, principalmente para a comunidade portuguesa - e então sempre esteve comigo… mas esse interesse próprio acho que surgiu quando tive consciência da própria música. Lembro-me de ter cerca de 5, 6 anos e, os primeiros sons que me despertaram interesse ouvir e que me ficaram gravados na memória faziam parte de uma cassete de Michael Jackson (não tenho a certeza mas acho que essa cassete tinha a Billy Jean) e uma cassete de Gipsy Kings, portanto o primeiro a influenciar-me mesmo foi o meu pai sem dúvida nenhuma. Muitas terapias levei: desde Santana à música portuguesa - muita musica revolucionaria, lembro-me de ver o meu pai a “delirar” e a recordar os bons tempos e os tempos difíceis da revolução sempre que pegava num vinyl de 7 polegadas de Zeca Afonso…
Depois mais tarde, quando vim de vez para Portugal, com 6, 7 anos, comecei a conhecer melhor o meu irmão, que não estava na Suiça mas em Portugal (só o via nas ferias quando vinha cá) e levei com a era do grunge toda, desde Alice in Chains, Soundgarden, Stone Temple Pilots, Nirvana, Smashing Pumpkins, Pearl Jam, etc, aliás ele próprio tinha uma banda de grunge e foi por aí que comecei também a ter interesse ou curiosidade em tocar, pegar numa guitarra e fazer barulho ou partir baquetas na bateria. Também pegava no baixo mas não achava muita piada aquilo, tinha poucas cordas, e também não deixava de mexer no órgão.
Houveram muitas pessoas que me ajudaram e influenciaram neste interesse pela música, e ainda hoje há pessoas que o fazem e passo imensas horas a discutir e a falar sobre música… mas o meu pai e irmão foram os principais sem dúvida…
B - E a música electrónica como surge na tua vida?
P.R. - A primeiro banda que me lembro de ouvir que me fez adorar e ficar atraído pela música electrónica foram os Prodigy, embora ainda não a rotulasse como tal e não tivesse mesmo a noção do que era a música electrónica, fiquei rendido ao seu poder e ao feeling que transmitiam, isto a meio dos anos 90, mais coisa menos coisa. Entretanto fui conhecendo outros nomes na lista e sem querer cada vez mais ia ouvindo mais música electrónica: Fatboy Slim, Chemical Brothers, The Future Sound of London, Run DMC… embora que na altura estivesse mais centrado e mais interessado por musica mais acústica e proncipalmente pelo rock, grunge, e passei, também, a fase do metal. Depois o jazz, experimental, etc. Ainda havia muito preconceito em relação à musica electrónica… e eu não mostrava aos meus amigos as músicas electrónicas que gostava. Lembro-me de ter o Dance eJay (demo) e fazer umas brincadeiras, mas sempre sem mostrar aos amigos. Em 2002 a vida deu algumas voltas e encontrei-me integrado num grupo de amigos que gostava de música electrónica, mais concretamente trance psicadélico. Lembro-me perfeitamente a primeira vez que o ouvi, num velho discman Sony, a caminho de casa: o álbum de Infected Mushroom “BP Empire”… nunca mais fui o mesmo! A partir daí comecei a ir a festas e a conhecer cada vez mais e a fui-me desligando do passado.
B - Correste muitos eventos de música electrónica, ouviste muitos dj’s e produtores famosos, de todos eles quais os que mais te influenciaram a tomar a decisão de começar a produzir?
Sim, é verdade. Custou-me uns bons anos de escola (reprovei 3 anos consecutivos por faltas), essa vontade de produzir e de entrar nesse mundo levou-me a desleixar os estudos. Eleger só um é difícil. Primeiro e como já disse os Prodigy, foi com eles que tudo coneçou, depois: Infected Mushroom, Kindzadza, Fungus Funk, Goa Gil, Twisted System, Shift, Azax Syndrome e Logic Bomb.
B - O que te motivou a agarrar num computador e a criar o teu próprio som? Onde percebeste que tinhas tanta música dentro de ti?
P.R. - Houve muitos motivos: primeiro a própria paixão pela música electrónica e o que ela representa na minha vida, depois a necessidade de ter um projecto só meu - na altura tinha uma banda, mas sentia que precisava de algo em que me pudesse exprimir á vontade sem ter que me adaptar aos outros para criar algo e foi daí que veio a percepção que tinha música acumulada cá dentro que precisava de deitar cá para fora, mas uma das razões principais foi mesmo ter tido a percepção que a musica electrónica nos oferece um universo de exploração sonora infinita e que podia fazer usar tanto os sons já existentes e familiares ao ouvido humano, como também criar sons nunca ouvidos e fazer as pessoas dançar com isso, fazer as pessoas pensar, entrar em sintonia… no fundo, exprimir-me através dos sons.
B - O teu nome artístico - Peter Pan: porquê usar a personagem da literatura infantil e da banda desenhada? Que paralelismos há entre ti e a tua música e o Peter Pan? Será que te recusas a crescer e queres apenas continuar a espalhar as tuas magias musicais?
P.R. – Em relação ao recusar-me a crescer tenho sempre dois lados presentes em permanência: por um lado o crescimento inevitável, porque ninguém consegue parar de crescer, vamos adquirindo experiência a toda hora, a todo o segundo e essa experiência faz de nós pessoas diferentes. Todos os dias quando acordamos somos um pouco diferentes, vamos evoluindo. Não são os números que nos determinam a idade, mas o espírito e a atitude; Por outro lado, tenho a outra face digamos em que necessito de ser uma “ criança ” no sentido da liberdade que temos, no à vontade, no deitar tudo cá para fora, saltar, rebolar, rir, chorar, brincar, ser puro, inocente, o que no fundo vai de encontro ao “para que serve a música, especialmente a musica de dança?” senão para as pessoas se reunirem e celebrar pela dança, pela meditação, pelo divertimento e dessa forma sair do quotidiano , sair da rotina, aliviar o stress e fazer uma viagem até outros mundos. De certa forma é como se nos dessem oportunidade de ser outra pessoa, ainda que por breves momentos. Tu sem o peso do quotidiano nos ombros… este nome surge nesse âmbito. Peter Pan representa isso o transporte, a viagem para o outro mundo, outros lados…a outra face. Tanto a minha como a de quem me ouve.
B - Que software usas para produzir? E normalmente qual o método que usas para passares de uma ideia para uma faixa?
P.R. - Cubase , Ableton Live, Reason e muitos VST’s. Não tenho método definido, tanto posso começar por uma melodia como por um ritmo. Depende do loop que está na minha cabeça e do feeling que quero imprimir, tento é sempre fazer o esboço da música e passar o mais importante logo de uma vez para o sequenciador para não perder aquele feeling e o fio condutor, mas nem sempre o consigo e, quando isso acontece, tento fazer aquele loop que me vai na cabeça e explorá-lo da melhor forma e depois a partir daí compor. Depois de ter o esboço é “perder-me” em pormenores e tentar sempre melhorar o som. A verdade é que não tenho um método mecânico de o fazer, sou um bocado anarca. Não é uma ciência exacta, cada um deve explorar á sua maneira e compor á sua maneira para desta forma obter um som característico e com uma identidade própria, de preferência sem recorrer a loops comerciais e tentando criar os seus próprios loops…
B - Para além de Peter Pan usas também o pseudónimo Electronic Animal. Que diferenças há entre os teus dois alter-egos?
P.R. - Como disse o Peter Pan é direccionado para o dancefloor, é concebido para resultar numa pista e pensado para dançar, o Electronic Animal surge da necessidade de ter algo diferente, algo sem a batida certa, sem obedecer a nenhuma espécie deregras ou normas. É, de certa forma, um escape do Peter Pan. É um projecto de liberdade total onde posso vaguear por vários estilos ou até por criar algo muito meu, até já contei também com a ajuda e participação de outros músicos nomeadamente com um contra-baixista e um guitarrista - o Rui Leal e o Rafael Machado. Inclusivé este projecto ajuda-me a ter ideias novas e renovadas para o Peter Pan.
B - Há mais algum pseudónimo em perspectiva?
P.R. - Neste momento não. Já me passaram alguns pela cabeça para tentar abordar outros estilos dentro da musica electrónica, como o drum’n’ bass por exemplo, mas, por enquanto, vou-me concentrar só neste 2 projectos e noutro projecto que tenho com o Pawn.
B - Tens muita música produzida e alguma já editada. A nível de produção e de edição que projectos para o futuro mais próximo?
P.R. - Tenho muitos projectos e proposta na mesa. Brevemente vou editar um EP na Bonzai Music do meu projecto com o Pawn, do qual farão parte dois temas produzidos em conjunto e mais um de cada um, depois tenho uma proposta da editora dos Inkfish, outra da Secret Lab do Snikers, e ainda tenho uma remix minha e do Alexx Wolf para editar na Tanira Rec e um tema para a Estimativa Records. Enfim, muita coisa a andar ao mesmo tempo, por isso prefiro não adiantar mais nada e esperar até aos dias de lançamento.
B - Segundo sei estiveste envolvido num projecto de uma escola na área da música que não correu como pretendido. Fala-nos um pouco sobre o projecto e sobre as razões do insucesso.
P.R. - Sim, o projecto ainda não está enterrado. É a Associação Cultural Estação das Artes. A ideia é inovar e trazer cultura e, principalmente, música a Vila das Aves. Montámos uma escola de música onde tínhamos cursos de guitarra, baixo, bateria, gaita de foles, cursos de dj, etc. Só que a verdade é apenas uma, era nosso objectivo chegar aos mais jovens, mas os pais preferem meter os filhos a jogar futebol do que a aprender música e logo lhes parece tudo muito caro. Nós não tirávamos lucro nenhum porque somos uma associação sem fins lucrativos, e o montante era apenas o suficiente para pagar os professores e a renda, mas mesmo assim não conseguimos. De certa forma até compreendo porque cada vez mais a vida está difícil e cada vez as pessoas têm menos dinheiro e Vila das Aves fica no Vale do Ave onde a industria têxtil abriu quase toda falência sendo uma das zonas do país com mais elevada taxa de desemprego, o que complica ainda mais as coisas. Tivemos que fechar a escola mas neste momento estudamos alternativas a isso que poderão passar pela promoção de eventos culturais, mas ainda está tudo meio indefinido.
B - Mudando de assunto: de certa forma, directa ou indirectamente, fui eu que te abri as portas para o mundo do netaudio e das netlabels. Em breve vais editar um EP pela MiMi Records, mas sei que já tens em marcha a tua própria netlabel. Conta-nos como surgiu a ideia, em que áreas musicais se vai movimentar e para quando a primeira edição?
P.R. - A netlabel vai chamar-se Xocolate & Screams. Desde já agradeço por me abrires essas portas foi um mundo novo que se me deparou, onde se encontra do mais alternativo que há e sem custos, tudo protegido pelas licenças Creative Commons. Digo a toda a gente que vale a pena explorar. Encontra-se de tudo e muitas vezes com muita qualidade, mais digno que muita coisa que se edita em vinil. A ideia foi um flash. De repente pensei porque não criar uma netlabel? E então aproveitei essa energia e comecei a por a coisa em prática e felizmente depois disso algumas pessoas se juntaram ao projecto por acharem uma boa ideia, as coisas começaram a andar e espero que andem durante muito muito tempo. Ainda estamos numa fase de construção mas já estamos a preparar uma colectânea de lançamento da netlabel que espero que em Novembro, mais tardar Dezembro esteja cá fora. Para já temos participações certas de: Pawn, Nightfusion, Snikers, Alexx Wolf, Kalahari, jay lux, Dope Kids, Piekfein, TAF e Peter Shell. A netlabel vai-se centrar mais no techno, minimal, progressive, acid, detroit, deep, mas sempre com as portas e janelas abertas ao chill, ambient, IDM, etc. No fundo o conceito principal da netlabel é musica quente, viciante, com feeling e que provoque emoções fortes.
BrainDance - Pedro, tens apenas 20 anos (e o apenas não pretende ser de forma alguma limitativo) e já tens, tiveste e ambicionas ter uma série de projectos na área da música, e não só a nível de produção. Mas vamos por partes, começando por tentar perceber de onde ‘rompe’ o teu talento. Quando te começaste a interessar por música? E esse interesse foi influenciado por quem?
Pedro Rompante - Bem, é um bocado difícil dizer exactamente onde começou esse interesse sério pela música, porque ela acompanhou-me sempre, desconfio até que dentro da barriga da minha mãe fui obrigado a levar com músicas, pois o meu pai já andava por esse mundo da música - dava alguns concertos na Suiça, onde nasci, principalmente para a comunidade portuguesa - e então sempre esteve comigo… mas esse interesse próprio acho que surgiu quando tive consciência da própria música. Lembro-me de ter cerca de 5, 6 anos e, os primeiros sons que me despertaram interesse ouvir e que me ficaram gravados na memória faziam parte de uma cassete de Michael Jackson (não tenho a certeza mas acho que essa cassete tinha a Billy Jean) e uma cassete de Gipsy Kings, portanto o primeiro a influenciar-me mesmo foi o meu pai sem dúvida nenhuma. Muitas terapias levei: desde Santana à música portuguesa - muita musica revolucionaria, lembro-me de ver o meu pai a “delirar” e a recordar os bons tempos e os tempos difíceis da revolução sempre que pegava num vinyl de 7 polegadas de Zeca Afonso…
Depois mais tarde, quando vim de vez para Portugal, com 6, 7 anos, comecei a conhecer melhor o meu irmão, que não estava na Suiça mas em Portugal (só o via nas ferias quando vinha cá) e levei com a era do grunge toda, desde Alice in Chains, Soundgarden, Stone Temple Pilots, Nirvana, Smashing Pumpkins, Pearl Jam, etc, aliás ele próprio tinha uma banda de grunge e foi por aí que comecei também a ter interesse ou curiosidade em tocar, pegar numa guitarra e fazer barulho ou partir baquetas na bateria. Também pegava no baixo mas não achava muita piada aquilo, tinha poucas cordas, e também não deixava de mexer no órgão.
Houveram muitas pessoas que me ajudaram e influenciaram neste interesse pela música, e ainda hoje há pessoas que o fazem e passo imensas horas a discutir e a falar sobre música… mas o meu pai e irmão foram os principais sem dúvida…
B - E a música electrónica como surge na tua vida?
P.R. - A primeiro banda que me lembro de ouvir que me fez adorar e ficar atraído pela música electrónica foram os Prodigy, embora ainda não a rotulasse como tal e não tivesse mesmo a noção do que era a música electrónica, fiquei rendido ao seu poder e ao feeling que transmitiam, isto a meio dos anos 90, mais coisa menos coisa. Entretanto fui conhecendo outros nomes na lista e sem querer cada vez mais ia ouvindo mais música electrónica: Fatboy Slim, Chemical Brothers, The Future Sound of London, Run DMC… embora que na altura estivesse mais centrado e mais interessado por musica mais acústica e proncipalmente pelo rock, grunge, e passei, também, a fase do metal. Depois o jazz, experimental, etc. Ainda havia muito preconceito em relação à musica electrónica… e eu não mostrava aos meus amigos as músicas electrónicas que gostava. Lembro-me de ter o Dance eJay (demo) e fazer umas brincadeiras, mas sempre sem mostrar aos amigos. Em 2002 a vida deu algumas voltas e encontrei-me integrado num grupo de amigos que gostava de música electrónica, mais concretamente trance psicadélico. Lembro-me perfeitamente a primeira vez que o ouvi, num velho discman Sony, a caminho de casa: o álbum de Infected Mushroom “BP Empire”… nunca mais fui o mesmo! A partir daí comecei a ir a festas e a conhecer cada vez mais e a fui-me desligando do passado.
B - Correste muitos eventos de música electrónica, ouviste muitos dj’s e produtores famosos, de todos eles quais os que mais te influenciaram a tomar a decisão de começar a produzir?
Sim, é verdade. Custou-me uns bons anos de escola (reprovei 3 anos consecutivos por faltas), essa vontade de produzir e de entrar nesse mundo levou-me a desleixar os estudos. Eleger só um é difícil. Primeiro e como já disse os Prodigy, foi com eles que tudo coneçou, depois: Infected Mushroom, Kindzadza, Fungus Funk, Goa Gil, Twisted System, Shift, Azax Syndrome e Logic Bomb.
B - O que te motivou a agarrar num computador e a criar o teu próprio som? Onde percebeste que tinhas tanta música dentro de ti?
P.R. - Houve muitos motivos: primeiro a própria paixão pela música electrónica e o que ela representa na minha vida, depois a necessidade de ter um projecto só meu - na altura tinha uma banda, mas sentia que precisava de algo em que me pudesse exprimir á vontade sem ter que me adaptar aos outros para criar algo e foi daí que veio a percepção que tinha música acumulada cá dentro que precisava de deitar cá para fora, mas uma das razões principais foi mesmo ter tido a percepção que a musica electrónica nos oferece um universo de exploração sonora infinita e que podia fazer usar tanto os sons já existentes e familiares ao ouvido humano, como também criar sons nunca ouvidos e fazer as pessoas dançar com isso, fazer as pessoas pensar, entrar em sintonia… no fundo, exprimir-me através dos sons.
B - O teu nome artístico - Peter Pan: porquê usar a personagem da literatura infantil e da banda desenhada? Que paralelismos há entre ti e a tua música e o Peter Pan? Será que te recusas a crescer e queres apenas continuar a espalhar as tuas magias musicais?
P.R. – Em relação ao recusar-me a crescer tenho sempre dois lados presentes em permanência: por um lado o crescimento inevitável, porque ninguém consegue parar de crescer, vamos adquirindo experiência a toda hora, a todo o segundo e essa experiência faz de nós pessoas diferentes. Todos os dias quando acordamos somos um pouco diferentes, vamos evoluindo. Não são os números que nos determinam a idade, mas o espírito e a atitude; Por outro lado, tenho a outra face digamos em que necessito de ser uma “ criança ” no sentido da liberdade que temos, no à vontade, no deitar tudo cá para fora, saltar, rebolar, rir, chorar, brincar, ser puro, inocente, o que no fundo vai de encontro ao “para que serve a música, especialmente a musica de dança?” senão para as pessoas se reunirem e celebrar pela dança, pela meditação, pelo divertimento e dessa forma sair do quotidiano , sair da rotina, aliviar o stress e fazer uma viagem até outros mundos. De certa forma é como se nos dessem oportunidade de ser outra pessoa, ainda que por breves momentos. Tu sem o peso do quotidiano nos ombros… este nome surge nesse âmbito. Peter Pan representa isso o transporte, a viagem para o outro mundo, outros lados…a outra face. Tanto a minha como a de quem me ouve.
B - Que software usas para produzir? E normalmente qual o método que usas para passares de uma ideia para uma faixa?
P.R. - Cubase , Ableton Live, Reason e muitos VST’s. Não tenho método definido, tanto posso começar por uma melodia como por um ritmo. Depende do loop que está na minha cabeça e do feeling que quero imprimir, tento é sempre fazer o esboço da música e passar o mais importante logo de uma vez para o sequenciador para não perder aquele feeling e o fio condutor, mas nem sempre o consigo e, quando isso acontece, tento fazer aquele loop que me vai na cabeça e explorá-lo da melhor forma e depois a partir daí compor. Depois de ter o esboço é “perder-me” em pormenores e tentar sempre melhorar o som. A verdade é que não tenho um método mecânico de o fazer, sou um bocado anarca. Não é uma ciência exacta, cada um deve explorar á sua maneira e compor á sua maneira para desta forma obter um som característico e com uma identidade própria, de preferência sem recorrer a loops comerciais e tentando criar os seus próprios loops…
B - Para além de Peter Pan usas também o pseudónimo Electronic Animal. Que diferenças há entre os teus dois alter-egos?
P.R. - Como disse o Peter Pan é direccionado para o dancefloor, é concebido para resultar numa pista e pensado para dançar, o Electronic Animal surge da necessidade de ter algo diferente, algo sem a batida certa, sem obedecer a nenhuma espécie deregras ou normas. É, de certa forma, um escape do Peter Pan. É um projecto de liberdade total onde posso vaguear por vários estilos ou até por criar algo muito meu, até já contei também com a ajuda e participação de outros músicos nomeadamente com um contra-baixista e um guitarrista - o Rui Leal e o Rafael Machado. Inclusivé este projecto ajuda-me a ter ideias novas e renovadas para o Peter Pan.
B - Há mais algum pseudónimo em perspectiva?
P.R. - Neste momento não. Já me passaram alguns pela cabeça para tentar abordar outros estilos dentro da musica electrónica, como o drum’n’ bass por exemplo, mas, por enquanto, vou-me concentrar só neste 2 projectos e noutro projecto que tenho com o Pawn.
B - Tens muita música produzida e alguma já editada. A nível de produção e de edição que projectos para o futuro mais próximo?
P.R. - Tenho muitos projectos e proposta na mesa. Brevemente vou editar um EP na Bonzai Music do meu projecto com o Pawn, do qual farão parte dois temas produzidos em conjunto e mais um de cada um, depois tenho uma proposta da editora dos Inkfish, outra da Secret Lab do Snikers, e ainda tenho uma remix minha e do Alexx Wolf para editar na Tanira Rec e um tema para a Estimativa Records. Enfim, muita coisa a andar ao mesmo tempo, por isso prefiro não adiantar mais nada e esperar até aos dias de lançamento.
B - Segundo sei estiveste envolvido num projecto de uma escola na área da música que não correu como pretendido. Fala-nos um pouco sobre o projecto e sobre as razões do insucesso.
P.R. - Sim, o projecto ainda não está enterrado. É a Associação Cultural Estação das Artes. A ideia é inovar e trazer cultura e, principalmente, música a Vila das Aves. Montámos uma escola de música onde tínhamos cursos de guitarra, baixo, bateria, gaita de foles, cursos de dj, etc. Só que a verdade é apenas uma, era nosso objectivo chegar aos mais jovens, mas os pais preferem meter os filhos a jogar futebol do que a aprender música e logo lhes parece tudo muito caro. Nós não tirávamos lucro nenhum porque somos uma associação sem fins lucrativos, e o montante era apenas o suficiente para pagar os professores e a renda, mas mesmo assim não conseguimos. De certa forma até compreendo porque cada vez mais a vida está difícil e cada vez as pessoas têm menos dinheiro e Vila das Aves fica no Vale do Ave onde a industria têxtil abriu quase toda falência sendo uma das zonas do país com mais elevada taxa de desemprego, o que complica ainda mais as coisas. Tivemos que fechar a escola mas neste momento estudamos alternativas a isso que poderão passar pela promoção de eventos culturais, mas ainda está tudo meio indefinido.
B - Mudando de assunto: de certa forma, directa ou indirectamente, fui eu que te abri as portas para o mundo do netaudio e das netlabels. Em breve vais editar um EP pela MiMi Records, mas sei que já tens em marcha a tua própria netlabel. Conta-nos como surgiu a ideia, em que áreas musicais se vai movimentar e para quando a primeira edição?
P.R. - A netlabel vai chamar-se Xocolate & Screams. Desde já agradeço por me abrires essas portas foi um mundo novo que se me deparou, onde se encontra do mais alternativo que há e sem custos, tudo protegido pelas licenças Creative Commons. Digo a toda a gente que vale a pena explorar. Encontra-se de tudo e muitas vezes com muita qualidade, mais digno que muita coisa que se edita em vinil. A ideia foi um flash. De repente pensei porque não criar uma netlabel? E então aproveitei essa energia e comecei a por a coisa em prática e felizmente depois disso algumas pessoas se juntaram ao projecto por acharem uma boa ideia, as coisas começaram a andar e espero que andem durante muito muito tempo. Ainda estamos numa fase de construção mas já estamos a preparar uma colectânea de lançamento da netlabel que espero que em Novembro, mais tardar Dezembro esteja cá fora. Para já temos participações certas de: Pawn, Nightfusion, Snikers, Alexx Wolf, Kalahari, jay lux, Dope Kids, Piekfein, TAF e Peter Shell. A netlabel vai-se centrar mais no techno, minimal, progressive, acid, detroit, deep, mas sempre com as portas e janelas abertas ao chill, ambient, IDM, etc. No fundo o conceito principal da netlabel é musica quente, viciante, com feeling e que provoque emoções fortes.
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